top of page

IMERSÃO 2013

 

1) Quais perguntas e dúvidas sua prática tem levantado nesse momento?

O núcleo da nossa prática é mover perguntas, inserindo-nos nos extratos sedimentados onde cremos estar o nosso corpo empírico, recriando um “nosso corpo”, nos reconstruindo a cada nova questão, implicando processos delicados de interação. Tocamos com prudência sutis ambivalências do ser. No contexto da pesquisa esses procedimentos desdobram-se em infinitas perguntas. Surgem atravessamentos de campos de conhecimento: estéticos, éticos, pedagógicos e políticos, impulsionando a transformação do nosso corpo empírico em corpo intensivo coletivo.
No momento estamos focados na questão do como descrever o “toque testemunho”.  Ao agir no campo tátil, o “tocante” usa a funcionalidade do sistema músculo-esquelético-motor para modular uma espessura neuro-fisiológica pré-linguística ou as suas reflexões sobre a arte de mover-agir-dançar geram re-organizações em suas formas-pensamento que fazem reverberar o seu corpo motor?

2) O que você tem feito? Como tem acontecido sua rotina de trabalho? 
Nossa parceria surgiu de um encontro amoroso, de uma necessidade de ver o outro, de compartilhar, de ter cumplicidades e de até ter prazer em brigar pelas diferenças na ânsia por conflitos e descobertas que implementassem a nossa prática como professores de dança contemporânea. Criamos uma rotina de prática semanal c/ planejamento semestral apoiado nas demandas do trabalho, pois além de pesquisador-criador, acumulamos as funções de produtor e divulgador. Somos convidados a participar de diferentes eventos, desde Congressos de meditação a Festivais de contato improvisação no Brasil e no exterior. Oferecemos workshops onde compartilhamos os procedimentos pedagógicos híbridos do CONTATO AUTÊNTICO, resultantes de nossa pesquisa de mesclar elementos da abordagem do MOVIMENTO AUTÊNTICO com a do CONTATO IMPROVISAÇÃO. Aplicamos também esses procedimentos para apoiar os nossos processos criativos, como também o de outros artistas e/ou cias das artes cênicas em geral.
3) Como você imagina gerar um ambiente de trabalho compartilhado nos dois dias que sucedem a apresentação de sua proposição cênica?
Metade do tempo de cada dia será compartilhado com os inscritos três grandes extratos que se entre põe ao fluxo do improviso: o organismo, a significância e a subjetivação.  Esse é o momento workshop de CONTATO AUTÊNTICO, O TOQUE DO TOCANTE que terá o limite de 25 vagas.
A outra metade será de construção de um programa performático apoiado nos procedimentos do CONTATO AUTÊNTICO: desarticulação, experimentação e nomadismo. Participarão nessa 2ªfase SoGu (Soraya Jorge e Guto Macedo) e alguns participantes convidados (artistas independentes, músicos, fotógrafos, vídeo-makers, artistas plásticos, técnicos de som, cenotécnicos, figurinistas, produtores, etc...).

4) A crítica tem feito parte das suas rotinas de trabalho? Se sim, como isso acontece? Quais as ferramentas ou modos você tem experimentado?
O que é nomeado de crítica pelo senso comum, faz parte da nossa prática diária de trabalho. No entanto por partirmos de outros conceitos quanto ao enunciado (julgamento), transforma-se a tal ponto o discurso que vira um paradoxo da linguagem. Somos lançados em um terreno aberto e vivo da ontologia do ser! Um campo neutro, o campo do sentido de todos os acontecimentos! As palavras tornam-se morfemas de uma sintaxe do porvir, melhor dizendo,... do devir!
“Estamos verdadeiramente à beira do Acontecimento, do nascimento do sentido puro (não remetente para um corpo erógeno e sexualizado), mas nada sabemos do que provoca, e como se produz, o <<SALTO>> da seuperfície erógena do corpo para a superfície metafísica, do traçado de castração que se inscreve no corpo físico para o seu rebatimento na superfície incorporal, do instinto de morte para o pensamento,...”
(José Gil,  O Imperceptível Devir da Imanência)

5) Você considera que as lógicas mercadológicas nas quais estamos inseridos operam nas configurações de seu trabalho? De que maneira? 
Oferecer um trabalho profissional para pessoas envolve lógicas mercadológicas, mesmo tratando-se de um produto imaterial. Começamos a nossa pesquisa por interesse próprio e por isso um pouco alheios a essas lógicas. Ainda assim, o tempo de trabalho era pautado sobre as nossas horas disponíveis, ou seja, sobre as horas que não trabalhávamos para terceiros. Sentíamos essa fase como um investimento.  Mais tarde, quando começamos a aplicar as nossas descobertas em nossas aulas, horários pagos por terceiros, surgiu naturalmente essa modalidade transitória: oferecer junto com o habitual “um novo para experimentar”. Aos poucos a demanda do interesse cresceu e então resolvemos criar estruturas específicas para compartilhar especificamente o “nosso produto”, balizados pelas infelizmente estreitas e quase inexistentes concepções de valores do mercado sobre o trabalho pedagógico e de pesquisa em arte.

6) Quais as maiores dificuldades que você identifica hoje no exercício da sua profissão? Você tem praticado estratégias para lidar com elas? Se sim, quais? 
Lidar com os limites dos valores da nossa sociedade consumista e imediatista ao oferecer um produto cultural e artístico. Escrever artigos em revistas especializadas; divulgar nas redes da internet; encontrar parcerias e apoios de todos os gêneros e em toda a cadeia produtiva do trabalho.
7) Escreva aqui, tudo junto e misturado, referências direta ou indiretamente ligadas a sua proposição cênica (inspirações, influências, interferências pontuais, etc...).
Acordar o corpo sensório como passagem do interior ao exterior, ou a passagem do fundo do corpo à superfície, ou ainda, realizar um rebatimento para um plano vibrátil,... numa Green Wall!!!uma espécie de parede interior da pele, tornando-se uma espécie de parede atmosférica interior, integrando o tempo cronológico no seu ritmo próprio.” (José Gil, O Imperceptível Devir da Imanência)
Saltar de corpo em corpo,... CORPO COLETIVO!
Uma pequena dança produzindo novos órgãos emissores ou transmissores de fluxos. Encontros.

8) Se tiver mais alguma coisa que você acha importante dizer, diga.
Parabéns pela interessante proposta de festival, adoramos a nossa primeira conversa!
Infelizmente temos um limite de pauta para as imersões devido a compromissos já agendados. Desculpem-nos, peço vossa compreensão sobre isso, mas não queríamos desperdiçar a possibilidade de irmos juntos a Juiz de Fora.
Bem, caros do CAUSA,... não poderemos arcar com as imersões em 24, 25 e 26 de Maio  e nem com 02, 03 e 04 de Agosto de 2013.

9) Se quiser, nos faça perguntas.
Caso sejamos contemplados: onde ficaremos hospedados?
Quando receberemos o apoio financeiro?

10) Contatos:
artegutal@gmail.com
soraiajor@gmail.com
Site e Blog:
www.movimentoautentico.com
www.jam-rodaviva.blogspot.com

Guto Macedo

bottom of page