NA RETA 2014
1) Quais perguntas e dúvidas sua prática tem levantado nesse momento?
Neste momento minhas pesquisas movem-se entre territórios da Educação e Arte e Filosofia e Clínica e e e... E põe-se a pensar que inventa estes encontros. Que encantos? Por se mover por códigos tradicionalmente formatados é importante pensar o que escapa, o que não é possível de ser capturado e aí a loucura se atualiza. Que diferença há entre loucura e normalidade? Que loucura? Loucura como potência para invenção. Que corpos outros inventam-se nos encontros entre corpos, para além de uma distinção entre corpo humano e não humano? A inumanidade como potência para criação de um corpo em criação que inventa mais corpo em criação, que já não é possível distinguir sujeito, objeto, espaço, apenas movimento de desterritorialização, corpos em invenção, corpo. Venho forçando limites entre o que se designa arte da performance e teatro e vida. Que arte? Que vida? Vida como obra de arte, arrisca-se.
2) O que você tem feito? Como tem acontecido sua rotina de trabalho? (máximo de 15 linhas)
Atualmente, tenho estado abrigado no mestrado em educação da faculdade de educação da UFJF. Tenho experenciado por lá a potência do encontro entre território academia e arte e educação. Na imanência disso, tenho escrito texto, apresentado algumas ações em eventos acadêmicos, exercitando limites e forçando algumas bordas, transbordando quando possível.tenho investido no trabalho acadêmico como obra de arte. Uma dissertação em obra de arte. Ou uma dissertação obra em arte. Experenciando a alegria do encontro no território da Academia que tem produzido possibilidades de vida. Tenho investido na pesquisa dos fluxos esquizos, aliado pelo pensamento da dupla criativa Deleuze e Guattari. Esperando pelo inesperado. Organizando para desorganizar. Inventando corpo para inventar ainda mais corpo.
3) A crítica tem feito parte das suas rotinas de trabalho? Se sim, como isso acontece? Quais as ferramentas ou modos você tem experimentado? (máximo de 15 linhas)
O território no qual vivo atualmente se constitui por um certo exercício crítico constante. Desde aspectos estéticos, políticos, éticos e econômicos. Há uma hegemonia que tenta valorar tudo, fixado em certos pressupostos transcendentes, aos quais estou submetido, mas que tenho fugido. A pergunta a ser feita então é: que crítica? Pois alguma coisa cria sentido ao buscar uma transvaloração.dos valores Interessa-me um exercício crítico voltado a pensar o que faz pensar e não como pensar ou que pensamento é mais ou menos válido. Importa mais pensar ‘como funciona’ que ‘o que é’. Uma crítica que está atenta ao que se produz e ao seu funcionamento, mais do que com a qualidade mensurável por um parâmetro transcende, ideal ou identitário. Crítica para além de uma análise explicativa. Onde a explicação já não faz sentido. Uma crítica que inventa múltiplos sentidos composicionais e não excludentes me interessa.
4) Você considera que as lógicas mercadológicas nas quais estamos inseridos operam nas configurações de seu trabalho? De que maneira? (máximo de 15 linhas)
Sim. De todos os modos possíveis. Nas fugas e nas capturas. Na provocação de saídas e nas invenções de outras lógicas. No abandono da hegemônica lógica. Importa agora pensar é que mercado? Sei que toda produção, seja a mais alternativa ou mais comercial está inserida na lógica de mercado de sua produção. A pergunta que me importa, no momento é: que produção? Que economia com desdobra ética e estética e política está se praticando? Como funciona a máquina da criação, para além da mecanicidade do comércio de conceitos e modismos? Para além de um discurso ressentido e ressequido e estéril. Que lógica? Que mercado? Como funciona isso funciona?
5) Quais as maiores dificuldades que você identifica hoje no exercício da sua profissão? Você tem praticado estratégias para lidar com elas? Se sim, quais? (máximo de 15 linhas)
As maiores impedimentos são as naturalizações, os pressupostos, as formas hegemônicas, as identidades, o reconhecimento, as definições de antemão de um trabalho que está em processo ou a insensibilidade ao processo que é a própria forma. Ou ainda, os julgamentos prévios a respeito de relações não costumeiras, como a relação entre arte e educação e filosofia. As desnaturalizações são constantes, os estranhamentos, o tempo todo presentes, mesmo em área pressupostamente mais maleável como a Arte. O que tenho feito é só isso: exercício de estratégias e fugas às formas predeterminadas, investido em novas alianças, mais especificamente, realizado minhas pesquisas junto ao mestrado em educação, ao grupo Travessia, à pesquisadora Sônia Clareto, à pesquisadora Cláudia Meireles. Encontro de territórios que tem se atualizado com potência criativa impensada e instigante. Tenho praticado o impensado das estratégias de criação profissional.
6) Escreva aqui, tudo junto e misturado, referências direta ou indiretamente ligadas a esse processo de criação (inspirações, influências, interferências pontuais, etc...). (máximo de 15 linhas)
Tenho como aliados os pensadores Angel e Klauss Vianna com suas pesquisas de movimento e vida; Augusto Boal com seu teatro produtor de vida; Clarissa Alcântara e sua pesquisa que relaciona esquizoanálise e performance ou a invencionática do Teatro desessência; Deleuze e Guattari com seus fluxos desterritorializados, seu corpo sem órgãos, seu rizoma, os fluxos esquizos, investidores da vida como obra de arte; Nietzsche e suas produções acerca da transvaloração, das constituições do corpo como forças, da vontade de potência; Claudia Meireles pelo seu exercício ético e estético e político e econômico nas andanças criativas pelo CAPS, Apae e pós-graduação em terapia pelo movimento; a pesquisadora e minha orientadora de mestrado Sônia Clareto que tem formação na área de matemática e se aventura pelo exercício do pensamento na diferença produtor de mais diferença; de Nina Veiga e Flaviana Benjamin, parceiras esquizas e corajosas.
7) Se tiver mais alguma coisa que você acha importante dizer, diga. (máximo de 15 linhas)
Os ensaios se constituem como ações ou a diferença é que sempre se está em cena. Ou ainda, o ensaio não é, senão, a própria cena.
8) Cole aqui um link de vídeo não editado de ensaio do seu processo de criação (pode ser de youtube; vimeo; sendspace ou outros).
http://www.youtube.com/watch?v=k3zOtrWo8R4
9) Se tiver alguma necessidade especial de equipamento de som, descreva aqui.
Um som de boa amplificação, com entrada USB e ou CD.
Tarcísio Moreira Mendes