NA RETA 2014
1) Quais perguntas e dúvidas sua prática tem levantado nesse momento? (máximo de 15 linhas. Há também a possibilidade de anexar link para um vídeo de no máximo 5 minutos onde você tem a possibilidade de demonstrar as perguntas levantadas no corpo, utilizando também a fala se desejar).
Onde estou, como estou, o que eu quero, para que, qual é o trajeto, se é que tem um fim...
2) O que você tem feito? Como tem acontecido sua rotina de trabalho? (máximo de 15 linhas) (Aqui interessa gerar em linhas gerais um mapa de como você vivencia seu tempo de trabalho. É interessante compartilhar tudo o que compreende hoje como seu trabalho de artista, incluindo eventuais escritas de projeto, produção de material audiovisual, leituras, práticas corporais, treinamentos, conversas, etc...).
Atuando na maior parte do tempo me dedicando a educação, caminho habitualmente na tentativa de me comunicar através da verdade. Faço da sala de aula meu quintal de criação, junto às crianças e jovens ouço, aprendo, recrio e me atento aos meus inúmeros pré-conceitos. Venho praticando exercícios quanto ao meu olhar, como eu vejo, enxergo e percebo o que me atravessa e o que me afeta de verdade. E qual é a melhor verdade a ser escolhida dentro dessa trajetória.
Penso em disciplina de mãos dadas a liberdade, retorno a materiais e exercícios que mais me desafiam nessa disciplina, quanto ao corpo e intelecto. Somo uma bagagem que ainda posso considerar fresca, jovem, com sede, mas que independente das veredas, tende a ser raiz. Assumo minha natureza e deixo-a vibrar me permitindo ouvir ruídos talvez ancestrais. Caminho numa rotina pensante.
Tempo e trabalho hoje não são coisas muito pensadas. Negligencio a contagem em meu trabalho e quando menos espero, aparece produção. Algumas por sorte, muito felizes, outras já me esqueço quando acordo. No momento trabalho com muita mão de obra e, não sei o que dizer quanto a minha trajetória de artista, sou quase um Peão: a mando de um possível patrão (sistema/governo/qualquer coisa)
Posso me apresentar como artista, bailarina, professora de dança, coreografa, educadora, preparadora corporal, diretora de movimentos, intérprete, performer... ufa, sei la! É muito cargo pra pouco retorno. Vou indo, alguns esboços guardados em gavetas. Tenho pré-projetos, projetos... Materiais acoplados em memória RAM. Estou em uma desorganização momentânea, consciente, a fim de enxergar de longe qual a forma disso tudo, e no que vai dar. Ando lendo muito sobre os novos caminhos da educação e partir disso venho me reeducando sem medo de borrões.
(http://www.stupendacompanhia.com.br/milene-pimentel/)
3) A crítica tem feito parte das suas rotinas de trabalho? Se sim, como isso acontece? Quais as ferramentas ou modos você tem experimentado? (máximo de 15 linhas)
Sim. Criticar no sentido de ampliar minha visão, meus conhecimentos. Ando ouvindo muitas críticas, diversas opiniões, me exponho na intenção estratégica de me colocar também em um risco sadio. Sou libriana, naturalmente e popularmente “ fico em cima do muro” tentava sair desse muro sempre com munições.
Hoje caminho na tentativa de ouvir mais no meu lugar, mas quando desço para me expor, carrego minhas opiniões genuínas.
4) Você considera que as lógicas mercadológicas nas quais estamos inseridos operam nas configurações de seu trabalho? De que maneira? (máximo de 15 linhas)
Sim. Percebo que muitas das vezes caímos nos moldes dos editais, do servidor público ou do serviço privado. Está tudo lá do mesmo jeito desde mil novecentos e qualquer coisa. Se eu dançar conforme a música deles, nada vai mudar. Venho pensando em me frear ao que o mercado sempre propõe. Acredito na crise, no manifesto. O volume já esta tumultuando de maneira saudável esses sistemas. Sou a favor de uma revolta, mas sempre de boa fé.
5) Quais as maiores dificuldades que você identifica hoje no exercício da sua profissão? Você tem praticado estratégias para lidar com elas? Se sim, quais? (máximo de 15 linhas)
Ser professor de dança não está fácil. A vontade de ensinar dança contemporânea para uma população que mal entende a palavra contemporânea, acaba trazendo falhas em nossa comunicação. O alcance infelizmente não é para todos. Tento dentro de sala, com meus alunos, sendo de ensino privado, público, vindos de diferentes classes, apresentar-lhes o pensamento contemporâneo. Mas como formar um convite para quem está de fora, para quem não tem chances de ouvir? O artista deve ir para a rua, intervir, performar, agregar a população. Se ficarmos dependendo lotação em teatros continuaremos sempre com público de meia dúzia de entendedores.
6) Escreva aqui, tudo junto e misturado, referências direta ou indiretamente ligadas a esse processo de criação (inspirações, influências, interferências pontuais, etc...). (máximo de 15 linhas)
Todos os tipos de praticas que me afetaram até hoje. As inúmeras modalidades de dança desde os tempos de infância: ballet clássico, jazz dance, danças urbana, lambada, axé, funk carioca, maracatu. Do rock a música mineira. Interior, Minas Gerais, Rio de janeiro, Brasília, assaltos, paixões, perdas, morte e vida. Companhias de danças brasileiras, europeias, a música de Luiz Tatit, Clube da esquina, artigos de dança, artigos filosóficos, religião. A crença da minha mãe, as minhas questões espirituais, e eu hoje com 32 anos na crise do jovem x adulto.
7) Se tiver mais alguma coisa que você acha importante dizer, diga. (máximo de 15 linhas)
8) Cole aqui um link de vídeo não editado de ensaio do seu processo de criação (pode ser de youtube; vimeo; sendspace ou outros).
https://www.youtube.com/watch?v=yBOEnYmh3ns (2009)
https://www.youtube.com/watch?v=IWwyuJriBek (2013)
9) Se tiver alguma necessidade especial de equipamento de som, descreva aqui.
Milene Pimentel